Uma certa vez, ouvi de uma pessoa que reputo respeito e admiração, dizer o seguinte:
“Filho é um ser que nos foi emprestado para um curso intensivo de como amar alguém além de nós mesmos, de como mudar nossos piores defeitos para darmos os melhores exemplos e de aprendermos a ter coragem. Isso mesmo! Ser pai ou mãe é o maior ato de coragem que alguém pode ter, porque é expor-se a todo o tipo de dor, principalmente o da incerteza de agir corretamente e do medo de perder algo tão amado. Perder? Como? Não é nosso, recordam-se? Foi apenas um empréstimo.”
Fiquei muito impactado. Esta definição é do poeta e escritor português José Saramago, Prêmio Nobel de Literatura de 1998, que se tornou o primeiro escritor da língua portuguesa a ganhar um prêmio Nobel.
Mas tudo isto não é sobre Saramago, mas sim sobre filhos e a posse que temos sobre eles.
Recebi de Deus a rica oportunidade de desenvolver a paternidade de um lindo e talentoso jovem, inteligente, amoroso e amigo. Deus, em seu determinado momento, deu o seu único filho, Jesus Cristo, para que todo aquele que nele cresse, não morresse, mas tivesse a vida Eterna (Jo 3:16). Isto é, um pai que deu o seu único filho por amor de um punhado de pessoas, nós????????
Aí me paro e pergunto: como isso é possível, já que temos os nossos filhos genéticos ou não, como se fossem nossa propriedade, parte de nós, carne da nossa carne?
Não é!!!!!! Deus, por ser simplesmente Deus, em sua infinita misericórdia e bondade, deu o seu melhor, Jesus Cristo, para que nós, seres humanos e algo mais, vivêssemos a vida que ele viveria, e, em troca disso, ele morria a nossa morte. Fico pensando, como seria fazer como Abraão, que sendo provocado por Deus, levou o seu único filho ao monte Moriá para ser sacrificado como novilho, e se convencendo da Fé de Abraão, Deus enviou um aviso a fim de que o pequeno Isaque não fosse sacrificado. Meus Deus, isso é desesperador. Este episódio ocorreu, porque o amor de Abraão por Isaque era tão grande que Deus deixou de ser a figura central de sua vida, sendo este amor realocado ao seu único e querido filho Isaque.
Desta forma, como Abraão, me vejo aos abraços e lágrimas, com um amor imensurável, pelo meu pequeno filho, e só em pensar na possibilidade de passar o que Abraão passou ou o que Deus teve que fazer com Jesus, fico desesperado, pois, foi o que disse acima, os nossos filhos são nossas propriedades.
Só que um dia, durante uma mensagem, ouvi a célebre frase de José Saramago sobre definição de FILHOS. Tal escritor que se intitulava como um ateu parcial, pois, dizia que diariamente buscava um sinal de Deus, porém não encontrava. Simplesmente, desabou o conceito de filho (posse e propriedade) que tinha sobre "meu filho".
Após muito refletir, conseguir entender a entrega que Deus fez por nós e aquela em que Abraão foi provado, pois, de acordo com a perfeita definição, os nossos filhos não são nossos, eles simplesmente vêm ao mundo para nos ensinar a ser uma pessoa melhor, pois, um dia, certamente, partirão, já que que eles eram somente um empréstimo.
Viva e seja feliz,
Naquele que nos amou primeiro.
